Oito dos 21 bebês que estavam em UTI de hospital particular em Garanhuns morreram
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De acordo com a chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE., situação do hospital piorou desde 2022 (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Diário de PE
Dos 21 bebês que deram entrada na UTI do Hospital Monte Sinai, em Garanhuns, em maio deste ano, oito morreram. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (3) pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), que fiscalizou a unidade de saúde e alegou ter presenciado um cenário preocupante envolvendo os profissionais de saúde.
A ação ocorreu em dois períodos, na noite da segunda-feira (2), e durante a manhã desta terça-feira. No período noturno, os fiscais da autarquia destacaram a inexistência de enfermeiro, além do déficit de técnicos de enfermagem na emergência e na UTI do hospital.
Outro ponto levantado pelo Conselho é a falta de enfermeiros no hospital. De acordo com o relatório, um técnico de enfermagem foi visto realizando a classificação de risco na emergência, em virtude da falta de um enfermeiro. A classificação de risco é uma ferramenta usada para priorizar o atendimento em serviços de urgência e emergência. De acordo com a Lei 7.498/86, que rege a atuação da enfermagem no país, essa atividade é privativa aos enfermeiros graduados.
“O que nos causou a estranheza foi o número de pacientes que foram internados no mês de maio. A gente utilizou o mês de maio como referência, quando foram admitidos 21 pacientes na UTI e houve oito óbitos. Então isso nos chamou a atenção considerando o déficit pessoal existente de constituição. O hospital não tem profissionais em número adequado, no período noturno, nem tem enfermeiro exclusivo para o setor”, explica Ivana Andrade, chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE.
O Coren-PE também afirma que há um “descaso” da unidade com a assistência em saúde.
“O cenário mais crítico [identificado] foi a precariedade na assistência de enfermagem, considerando esse déficit pessoal. Por exemplo, na emergência, só tem um técnico de enfermagem durante o período noturno para atender todos os pacientes que entram na emergência. E esse profissional não consegue parar para descansar e pega 12 horas de trabalho direto”, afirma Ivone.
Nesta terça-feira, a equipe do Coren-PE se reuniu com o Promotor de Justiça de Defesa da Cidadania de Garanhuns, Bruno Miquelão Gottardi, e informou que o órgão fará uma audiência para tentar sanar o problema. Porém, o Coren-PE não descarta a possibilidade de uma interdição ética ou ingressar com uma ação civil pública contra a direção da unidade de saúde.







